Uma despedida para quem já se foi
Talvez a pessoa que já se foi, ainda esteja viva.
Não é estranho o que vou dizer agora, mas as vezes algumas pessoas de fato "morrem" pra nós e isso não é de hoje. Se elas mesmas não se matam, a gente acaba matando, seja por acidente ou por autodefesa. E tá tudo bem.
Eu sei que é bem clichê aquela história de "serviu de lição", "acabou sendo um aprendizado" mas é a pura verdade. As vezes, pessoas que já se foram não morreram fisicamente, mas não tem mais como mantê-las na nossa vida, e por alguma circunstância, elas morrem dentro de nós. Metaforicamente e literalmente.
A minha despedida hoje é pra uma pessoa que eu amei, ou que achei que amava, porque amar não é sofrer por alguém.
A vida ultimamente tem me cansado fácil, talvez por eu já ter vivenciado muita coisa que me machucou e deixou minha "casca" mais grossa, mas mesmo assim eu resolvi tentar me dar uma chance de ser feliz e com essa pessoa. Eu não medi os esforços, mesmo com as minhas condições limitadas de saúde mental. Essa despedida é para quem em alguns momentos eu achei que fosse o melhor pra mim e no final da sua vida na minha vida, foi o pior inimigo para o meu equilíbrio mental...
Henri, eu sinto muito por tudo. Talvez você esperasse mais de mim, que eu fosse uma pessoa mais forte e talvez por você ter achado que eu sou uma "sobrevivente", pelas dificuldades que já passei na vida, eu poderia ser um pouquinho mais resiliente e ter aceitado tantos vacilos seus. Mas não foi bem assim.
Parando um pouco pra refletir, as coisas já não começaram bem, fosse pela sua vida ser diferente da minha ou por eu ser focada em resolver os meus problemas, lidar com minha saúde e não conseguir lidar com os seus problemas e sua saúde não-cuidada. Em alguns momentos creio que eu devo ter sido "a chata" na sua vida, que era uma montanha-russa de emoções (como você mesmo me adjetivou em seus momentos finais) e que em alguns momentos eu fui uma pessoa impossível de lidar, devido os meus sentimentos serem intensos demais e se confundirem dentro de mim. Peço desculpas por isso e acho que isso também colaborou pras coisas se estenderem para além do que deviam se estender.
Eu sou - ou devia ser - tão consciente das coisas que acontecem na minha cabeça, do turbilhão de pensamentos que não param aqui dentro, que eu deveria imaginar que isso não ia dar certo. O que me conforta hoje é que eu não perdi tanta coisa, devido a distância e a vida corrida que eu já vivia por aqui, longe de você. A nossa comunicação nunca foi das melhores e como seu bom humor deveria ser algo generalizado (independente do que eu estivesse sentindo no momento), a gente nunca ia dar certo... Lembro do meu psicólogo me dizer uma frase que vou levar pro resto da vida: "Joice, um relacionamento não é só o que você sente pela pessoa, é também como essa pessoa faz você se sentir" e na reta final dessas nossas tantas tentativas, eu estava extremamente cansada, tendo que lidar com os meus problemas e os seus, uma pessoa que tinha planos pra tudo de si, menos pra mim, menos pra nós.
Para tudo era a mesma resposta, "eu vou seguir o plano", "eu estou seguindo o plano", mas você não parou pra pensar se esse plano estava me fazendo bem ou não, ou o que ele causaria em nós, se a falta de alguma atitude fosse implicar no bem-estar que era pra gente ter (nem digo que "a gente tinha", porque pouco tivemos harmonia de fato).
Eu não pedia aceitação de tudo mas sim compreensão, e ter que lidar com falta de responsabilidade afetiva não era e nem nunca foi o esperado por mim. Nunca vi problema em ficar sozinha, mas estar com alguém que atrase minha vida com certeza era um problema e foi aí que eu decidi me despedir de você, e para mim, hoje você está morto.
Poderia dizer que desejo que você seja feliz, que você se cuide, que cuide da sua saúde e todos aqueles afins todos de encerramento. Mas eu não te desejo nada. Quero esquecer toda a dedicação que tive com alguém que no final das contas só pensava em si mesmo e que em algum momento possa me intitular de "vilã", por eu pensar no meu bem-estar e amor próprio e dar um basta em tudo que estava me fazendo mal. Dessa vez, eu vou ser vilã com muito gosto. Eu cansei de sentir ansiedade e chorar por homem.
Escolhi ficar viva e o que me restou, foi saldo por ter suportado o que eu não deveria nem ter experimentado.
Encerro parafraseando a Joice de 18 anos: "Entre matar ou morrer, eu prefiro matar".
E pra mim, você está morto.
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