Sobre uma decepção

Uma vez ouvi uma frase que ficou gravada na minha mente, até hoje: "A decepção vem de onde menos esperamos, e de quem mais amamos". Todas as decepções que sofri na vida, dentre essas 3 décadas, nenhuma veio de um desconhecido. Nenhuma.
Ninguém está isento dessa catástrofe, dessa dor que é como se fosse um buraco sendo aberto no seu peito com um machado, a todo custo, ou até mesmo um punhal lançado a toda força pelas suas costas. E o pior, a decepção é como um choque, você nunca sabe quando tem um fio desencapado que vai chegar perto e pisar, ou encostar, ou molhar, sei lá. Acho que a pior das decepções que eu já sofri, vieram de pessoas que eu já gostei. Sempre fui uma pessoa sentimental, desde que me entendo por gente e isso me trouxe vantagens e desvantagens, fosse pra escrever, pra me expressar, pra ser criativa, pra me derreter de amores e de paixão, ou fosse pra levar uma queda quando me decepcionasse.
A pior das decepções, ao meu ver, é quando minha confiança é traída. Confiaça é algo que se demora a conquistar, é como uma construção civil, que tem que ser alicerçada, depois tijolo por tijolo vai sendo construída. A convivência vai fazendo com que a obra tome forma, vá virando um lar, tenha um significado, vá sendo marcada por histórias, até que acontece uma decepção, que é como uma parede mal estruturada. A impressão que se tem é que o mundo acabou ali, que tudo que foi construído com tanto esforço não valeu de nada; que o sentimento que foi cultivado pra que tudo estivesse ali não existe, ou que não tem significado algum; e que não tem mais jeito, que mesmo tentando construir da mesma forma que era antes, não volta a ser como era.
Confiança é uma coisa que se quebrada, não tem como voltar a ser como era antes. E com ela vem a dor da decepção, uma dor que não escolhe quanto tempo fica, mesmo que a gente faça das tripas ao coração pra que a sensação de derrota suma. O pior de tudo, é que quando a decepção nos deixa uma ferida, até a menor brisa que passa é motivo pra doer, pra se sentir inútil, incapaz, insignificante, como se você fosse uma mentira.
Eu já me senti uma mentira tantas vezes, que a vontade que eu tinha era de sumir do mapa, pra ninguém ver como eu tava me sentindo, pra ninguém presenciar minha vulnerabilidade, pra nenhum ser humano ver que mesmo eu tentando ser forte, eu sou fraca, eu sou frágil e o mais extremo: a pessoa que eu poderia contar pra me abraçar, me acalentar, acolher, consolar, foi a pessoa que me decepcionou. Foi a pessoa que me derrotou, que invalidou o que eu sentia, o que eu estava empenhada em fazer.
Junto com a decepção vem muito sentimento negativo, isso não posso negar. Particularmente eu fico bem reativa; ao mesmo tempo que eu quero me esconder pra ninguém me ver chorando, quero que todo mundo veja o quanto as pessoas são injustas com quem tem sentimentos, com quem é intenso, com quem não ama pela metade e naquele momento, também não está odiando pela metade. Tá odiando ao máximo. A dor da decepção as vezes é indescritível, indecifrável, imedível, e até mesmo inimaginável porque quando se pensa que já sentiu toda a força de uma dor, a vida não tarda em te mostrar que existem pessoas que podem superar uma dor que você ainda está tentando curar.
A ciência é tão ampla, que poderia inventar remédio pra dor de decepção. Esse com certeza venderia bem. E eu com certeza estaria na fila pra comprar...

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