O meu primeiro beijo
Esse "marco" na vida de uma pré-adolescente, nos meios televisivos e histórias de cinema, costumam ser uma coisa bem romantizada. Confesso que imaginava que o mesmo poderia acontecer comigo, mas foi completamente diferente.
O primeiro beijo é como se fosse uma despedida da infância e um "seja bem-vindo" à vida amorosa, onde no meu caso futuramente seria uma caminhada repleta de medo de abandono e adaptações pra caber na vida das pessoas que eu gostava (ou achava que gostava). O primeiro cara que eu beijei não tinha nada (simplesmente NADA) a ver comigo e sequer tínhamos contato em algum momento da semana, ou em qualquer outro ambiente o qual eu frequentava. "Mas como você conheceu ele?" eis a questão, ele que me conheceu primeiro e me "procurou".
O nome dele é Igor, mas como nas cidades pequenas do interior todo mundo é conhecido por ser filho de alguém ou por algum apelido específico, ele era conhecido por "tatu". Não faço a menor ideia do porquê ele ser chamado assim, e já adianto que não procurei saber. Meu coração e meu estômago não sentiram nem um pouco de emoção por esse cara, mas o que contava na minha época de adolescente era o "interesse" em alguém te beijar. É assim que começa a história do meu primeiro beijo.
Todos os domingos íamos à missa: eu, minha mãe, irmã e a nossa amiga que era quase como uma irmã, vizinha da frente. Num pós-missa desses que a gente não espera nada (só ir pra casa jantar), nossa vizinha disse que uma amiga dela de escola tinha dito que o tatu queria saber quem eu era, pois estava interessado em ficar comigo. É até engraçado eu relatar isso porque quando essa nossa amiga me contou, não entendi qual era o intuito dessa ação de "ficar" com alguém. Na minha cabeça até então ingênua, eu só poderia beijar alguém se houvesse interesse mútuo, sem contar com a perspectiva de já haver um certo contato antes, pra conhecer melhor a pessoa e o que ela achava sobre mim. Só que não, hein?!
Pela pessoa romântica e sonhadora que eu era, talvez fosse considerada "careta" se tivesse recusado ficar com o tatu, fora a questão da minha mãe pregar a palavra de que "vocês só podem namorar depois dos 15 anos". Ouvir isso as vezes era irritante pra mim, porque já via várias colegas minhas falando sobre se apaixonar e até mesmo namorarem com 14 anos, e já pegando um gancho sobre o meu primeiro amor (1ª postagem desse blog), o Bê já estava namorando com outra garota, então eu não teria a menor chance de namorar ou até mesmo ficar com alguém.
HAHAHAHAHA Eu tava enganada...
Eu tinha 13 anos. Foi ali que eu comecei a dar meus primeiros passos de ovelha negra da família. Antes de testar minhas habilidades com o sexo oposto, cheguei a encarar o tatu uns 2 domingos antes de nos beijarmos. Decidida a ficar com ele, mais uma vez mostrei a minha personalidade rebelde, indo de encontro ao rapaz onde minha mãe jamais queria ver as filhas dela "se agarrando" com alguém: atrás da prefeitura. Sim, caro leitor, aquele era o point dos adolescentes fogosos que queriam se pegar sem serem reconhecidos. Era um lugar próximo onde as feiras de hortifruti da cidade aconteciam, ficava escuro à noite por falta de iluminação. Ou seja, ambiente propício a promiscuidades de diversos níveis. E lá estava eu, pra fazer o que? Cumprir um "ritual de passagem", porque em tese foi só isso '-'
Encontrei o tatu lá, sentado em um banco de praça, me esperando pra trocar uns 3 beijos e meia-duzia de palavras, o que não demorou nem 10 minutos direito. Parece que aquilo era só um desafio a ser cumprido, que quando acabou, eu fui pra casa como se nada tivesse acontecido, sem sentimento algum, nem mesmo felicidade. E foi esse o significado que ficou pra mim: ok, feito! Depois daquele dia, eu via o tatu pilotando a moto dele pra cima e pra baixo como quem não tem o que fazer da vida; ainda ficamos umas 2x até não ver mais graça ou sentido de aquilo acontecer. Não posso dizer que foi totalmente insignificante pra mim porque foi ali que eu percebi que, mesmo que você não ame a pessoa que está beijando, você deve respeitá-la e tratá-la bem e fomos assim um com o outro. Acho que tive sorte ainda, pois fui elogiada sem ao menos uma vez ter treinado um beijo, fosse em laranjas ou maçãs kkk
Será que eu tenho talento pra coisa? Quem sabe :)
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