Minha adolescência

Talvez a fase mais difícil na vida de alguém. Pra mim, foi da mesma forma.
Eu me sentia a maior parte do tempo sozinha, mas mesmo assim tentava seguir uma constante, mesmo que não fosse minha. Coincidiu ser a mesma época em que eu terminei o ensino médio; a maioria dos meus colegas tava próximo dos 18 anos ou mais, eu ainda ia fazer 15 anos no 2º ano do ensino médio. Inclusive me recordo que minha festa não teve tanta presença dos meus colegas porque no mesmo dia houve um comício de política (cidade pequena só vive disso e pra isso). Mas não foi algo que me abalou tanto, no final das contas nem entendi o porquê de eu comemorar meus 15 anos. Não achei uma fase boa.
Queria muito ter tido acompanhamento psicológico nessa época. Hoje em dia, com o dobro da idade que eu tinha na minha adolescência, vejo que seria fundamental pra eu me entender mais, pra não chorar tanto, pra não achar que devo viver para agradar os outros, pra saber que as descobertas novas fariam parte de mim pro resto da minha vida, e nisso entender o que deveria levar mais a sério ou não, e o principal: não levar tudo tão a sério, porque hoje em dia eu sou literal demais, e com certeza foi lá na adolescência que tudo começou...
Curiosidades a parte, minha adolescência foi regada à bullying - o que eu não sofri quando era uma criança gordinha, sofri por ser o patinho feio de todo lugar que eu andasse. Usava óculos de grau, aparelho ortodôntico e colete pra coluna. Desde quando as piadas na escola começaram, eu não sorria e nem ria mais, porque os colegas diziam que eu queria exibir meu aparelho (?); logo em seguida fui deixando de usar o óculos, já que não tinha como esconder ele, e fiquei só com o colete e mesmo assim, foi dureza. Talvez eu jamais esqueça o dia em quem e senti excluída na hora do recreio, tudo por conta do colete - ou dos colegas que eu tinha. A gente brincava de polícia e ladrão e eu fui pega, caí no chão sentada e fiquei sufocando por causa do colete, não conseguia me mexer até que uns 2 minutos nessa situação, um colega meu apareceu do nada e me ajudou a levantar. Desde aquele dia eu nunca mais brinquei - no quesito escola, vou sempre lembrar quando foi a última vez que brinquei.
Hoje como professora, vendo vários estudantes na introdução da adolescência, consigo sempre encontrar alguém com uns traços de Joice naquela idade, seja por timidez, ou por discrição ao participar das aulas, ou nos olhares de solidão. Eu sempre tive poucos amigos, nunca fui a melhor amiga de alguém e não sei se um dia terei essa sensação, mas a solidão sempre foi algo presente na minha adolescência, até eu amadurecer à minha juventude e entender que a solidão nem sempre precisa ser negativa. Mas só soube vivendo.
Eu me sentia tão só, que me sentia sufocada por dentro. Parecia que eu ia explodir por não ter o que contar o que eu sentia e por sentir demais. Até que um dia, trabalhando na gráfica que eu estava, um cliente me deu uma ideia: escrever um blog de desabafos. Na época ainda existia MSN e ele compartilhava o link dele na frase pessoal. Quando eu li, parece que acendeu uma luz na minha mente! Havia encontrado uma forma de descarregar todas as minhas angústias, felicidades e ilusões, mas morria de medo de alguém descobrir. E foi aí que, junto com meu primeiro blog, nasceu meu primeiro e único pseudônimo :) 
Eu adorava literatura, sempre me senti atraída pela forma como os escritores exprimiam seus sentimentos escrevendo e havia chegado a minha vez. A adolescência não é de todo ruim se você prestar atenção. Sei que algumas cicatrizes a gente carrega, histórias que hoje em dia a gente ri, mas valeu a pena viver tudo isso pra chegar até aqui e dizer que superei coisas que me assustavam tanto.

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